Servidora que dedicou 43 anos de vida ao Pronto-Socorro antigo é homenageada no Dia da Mulher

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Davi Valle
Davi Valle

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Dona Chiquinha, como é carinhosamente tratada, diz que o Pronto Socorro envelheceu junto com ela. Emocionada, relata que vivenciou muita coisa boa e que foi muito difícil receber a notícia de que não precisava mais ir ao trabalho, por estar aposentada

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através da coordenação do antigo Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), prestou uma homenagem para Maria Francisca de Souza, a Dona Chiquinha, uma veterana profissional da saúde pelos 43 anos de serviços prestados a saúde pública de Cuiabá, no Dia Internacional da Mulher (08 de março). A data comemorativa também foi  uma oportunidade de agradecimento a todas as mulheres que integram o quadro funcional da unidade.

“O Pronto-Socorro era jovem, bonito, como eu era. Mas foi envelhecendo e eu também.  Eu não tinha cabelos brancos, nem as rugas no rosto e o Pronto-Socorro também não tinha as marcas do tempo. Envelhecemos juntos e continuamos acolhendo. Tenho paixão por esse lugar, onde sempre me dediquei  com muito amor as pessoas, colegas e pacientes”,  lembrou ela.

A profissional atenciosa e prestativa, como a descrevem os colegas de trabalho, passou mais da metade dos seus 75 anos de vida atuando no Pronto-Socorro. O que,  para ela, se resume a sua própria casa. No começo, lá nos anos de 1980 iniciou no almoxarifado, mas logo depois foi para o setor de farmácia onde permaneceu até se aposentar no início deste ano.

Quando foi informada de que não precisava mais se arrumar para ir ao trabalho porque estava aposentada, disse que seu coração ficou muito triste, “por ter que deixar tudo, o convívio, essa família”, revelou.

“Sou muito grata a todos que tive o prazer de conviver nessa Família Pronto Socorro, tenho amizades enraizadas aqui, uma ajudando a outra, assim esse lugar se fez família pra mim. Tantas pessoas passaram. Estou levando esse grande sentimento de respeito e carinho como legado”, disse emocionada.

Josy Venero, coordenador do Pronto Socorro, tranquilizou a veterana afirmando que a família Pronto-Socorro existe, está ali, e agora “com filhos mais novos”, ao se referir a equipe de profissionais que estão a menos tempo nas funções.

E com a experiência que a vida lhe proporcionou, Dona Chiquinha aconselhou a todas as mulheres ali homenageadas pelo Dia da Mulher, que continuem solidárias as pessoas e com o mesmo respeito que ela teve diante da missão de estar a serviço do outro e com foco em fazer o melhor para elevar o nome da instituição.

Para ocupar o tempo livre proporcionado pela aposentadoria, dona Chiquinha, que é viúva e mãe de uma filha, procura se ocupar com outras atividades, incluindo a igreja. Assim, segundo ela, não se entristece de saudades.

Para Glauciane de Souza, que está há 3 anos como secretária da UTI Pediátrica, é realmente muito bom trabalhar com toda a equipe e a história da servidora é sem dúvida muito significativa.

Já Leonídia Maria Souza, 36 anos de casa, ou seja, sempre trabalhou ao lado de dona Chiquinha, a vê como mulher forte, guerreira e persistente. “Agradeço a Deus e a Dona Chiquinha pela perseverança que teve comigo para que eu me formasse e formamos juntas em gestão e saúde pública. Naquele tempo, não tinha facilidade de transporte público como hoje, morávamos em bairros diferentes, mas dona Chiquinha só pegava o ônibus depois que eu tinha pego o meu, para não me deixar sozinha esperando. Sempre muito cuidadosa, ela é muito valorosa. Essa homenagem no dia da Mulher é mais que justa. Estão de parabéns os idealizadores”, declarou.

Maria José Paes de Barros, técnica de nível superior  que está no Pronto Socorro há 17 anos e já atuou em diversos setores compactua com as demais servidoras. Ressalta que as muitas histórias e desafios vivenciados fortalecem cada profissional, portanto, é prazeroso estar ali e fazer parte de uma gestão que se preocupa com a causa do outro.  “Os desafios são grandes, mas aqui a rotina da minha profissão me oportuniza sempre uma nova experiência, um novo aprendizado. E trabalhar com uma gestão humanizada nos dá mais conforto porque nós sabemos que estamos sendo amparados, conseguimos amparar nossos colegas e os usuários SUS que entram na unidade. A gestão humanizada nos tranquiliza muito por esse acesso, essa parceria com todos que fazem parte da gestão. Temos desafios do cotidiano, mas temos também muitas conquistas,  muitos usuários nos retribuem,  manifestam gratidão pelo atendimento que recebem, pelo prazer de serem bem atendidos”, afirmou Maria José.

Maria lembrou ainda, que ser mulher já é um desafio, uma vez que a maioria, além de profissional, é mãe, esposa, avó. Portanto, a jornada é muito além do expediente no Pronto Socorro. “Dona Chiquinha está aí e nos representa, profissional exemplar, mãe dedicada que nunca se deixou abater, pelo contrário, tinha forças para si e para as companheiras, incentivando a crescer, a concluir os estudos. Que há possibilidades”.

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