Licius do Caju de volta pra Cuiabá

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Aconchegante, acolhedor e com uma estética inigualável, o tradicional bar Luciu’s do Caju volta à Capital depois de oito meses funcionando em Várzea Grande. O retorno é um novo capítulo na história do já icônico estabelecimento, que há quase três décadas é destino certo na noite cuiabana. O endereço é a mesma Rua Estevão de Mendonça, onde o bar viveu seus melhores momentos e ganhou fama, mas com uma diferença: o novo Luciu’s do Caju fica em frente da casa onde funcionava o antigo.

O proprietário Lucius Ferreira, de 47 anos, recebe a reportagem com um sorriso estampado no rosto. Ele mostra o lugar da entrada à cozinha onde os alimentos são preparados, contando um pouco da história expressa até nos menores elementos decorativos.

Coladas de “cabo a rabo” nas paredes, as fotos com clientes fiéis e personalidades ilustres dividem espaço com obras de arte, um espelho gigante e, claro, o “palco” onde Lucius se apresenta mais ao fundo do corredor.

Do lado tem uma TV das antigas e um aparelho de karaokê, para aqueles que se arriscam a dar uma “canjinha”. Religioso, Lucius ainda arranja espaço para pendurar quadros de Deus e até uma coroa de espinhos usada em uma apresentação. Atrás do “palco” há um espaço um pouco mais reservado, com direito a dois sofás e, no corredor, antes de chegar ao banheiro, ainda há uma sala fechada de sinuca com iluminação verde.

Mais a frente, no corredor, a outra porta dá acesso aos banheiros. Segundo Lucius, a ideia é recriar ali o seu famoso “armário”, que atraía as pessoas ao seu estabelecimento só para entrar e sair dele.

À época, depois de mudar de endereço e prestes a inaugurar um novo local, ele não tinha banheiros suficientes para atender a demanda, e os que estavam dentro da casa queria destiná-los apenas às mulheres. A proprietária do lugar lhe ofereceu um guarda-roupa de madeira e aí veio a ideia. “Eu vi que o guarda-roupa era bom, de madeira maciça”. O móvel foi posto do lado de fara e adaptado. “Comprei três bidêzinhos, encaixei eles, encanei por trás, fiz uma focinha embaixo e pronto”.

“Nem mulher queria ir no banheiro delas, queria ir no dos homens urinar em pé – juro por Deus! – pra dizer que passou pelo banheiro”, relembra.

A solução improvisada deu tão certo que até hoje clientes perguntam do tal “armário”. Dessa vez ele pretende implementá-lo de forma mais “sofisticada”. “Tinha pessoas grandes que não conseguiam entrar nele, entravam de lado. Agora tem que dar mais acessibilidade”.

Hoje o horário de funcionamento oficial do bar é de terça a sábado, a partir das 18h.

Aos domingos vale a pena passar pela Estevão de Mendonça e conferir se está aberto, pois quando não é convidado para algum evento, Lucius bate ponto no estabelecimento.

“Nós temos horário pra abrir e não temos pra fechar, ficamos enquanto tiver cliente. É normal 7h você passar por aqui e o pessoal estar indo embora ou ainda dançando”, disse.

Valeu a experiência

A pandemia foi um dos motivos que o fez sair da Estevão de Mendonça. Decretos rigorosos ao seu setor e a fiscalização intensa da Polícia, mesmo que sem violência, o desmotivaram.

 

 

 

“Sabe quando você quer trabalhar, tem um público que começa à meia noite e à meia noite a Polícia chega pra barrar. Lógico que eles têm que cumprir ordens, cumprir leis, mas estressa muito“.

Perdendo até mesas e cadeiras para a fiscalização, Lucius relembra os transtornos que viveu enquanto “teimava” para manter o seu ganha-pão aberto. “A hora que ia chegando meia noite já ia ficando angustiado com medo de alguém chegar”.

O segundo motivo que o fez mudar de endereço foi o desejo de testar um outro local. Em Várzea Grande ele instalou o bar em sua residência, comprada há mais de 20 anos, já com o intuído de servir como moradia e empreendimento.

Para Lucius a experiência foi válida. “Deu certo porque o público foi e não deu, ao mesmo tempo, porque não foi o público que eu esperava”. Segundo ele a distância foi o principal empecilho ao seu público fiel, fazendo com que a presença deles se tornasse irregular.

“De vez em quando não dá; tem que ser sempre. A dívida não espera, as contas não esperam”, afirma. “Mas se eu não fosse eu jamais ia saber se ia dar certo ou não. Foi uma experiência muito importante pra mim”, alega.

Um legado de família

Lucius está localizado de frente ao seu primeiro endereço, aquele que lhe rendeu o tão icônico nome “do Caju”, na Rua Estevão de Mendonça. À época, em 1996, ele atendia os clientes embaixo de um cajueiro. A árvore se tornou quase que um ponto de referência. Essa é a sexta casa por onde ele passa com o bar.

Acostumado com atendimento ao público desde muito jovem, Lucius agora ensina ao filho do meio, de 18 anos, todos os seus “macetes”. Segundo ele, mesmo quando não está presente, para os clientes é como se estivesse. “É como se fosse uma coisa só, impressionante”.

Lucius descreve seu público como sendo “de todos os tipos de tribos”, sem distinção de classes sociais ou cargos. Ele diz receber de políticos a juízes em seu bar.

Para ele o sucesso e fidelidade da clientela vêm do sue estilo tão único quanto a decoração, as músicas, as bebidas e comidas que serve e, principalmente, ao trato com as pessoas.

“Atender o cliente sorrindo. Por mais que você tenha seus problemas em casa você não pode descontar neles. É um bom dia, boa tarde, boa noite, seja bem vindo. Isso é o fundamental, coisas que muitas casas não fazem”.

 

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